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Invasão nos EUA deve refletir em 2022 no Brasil, afirma cientista político

Por 7Segundos


A invasão ao Capitólio – Congresso Nacional Americano – por apoiadores do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, levantou uma série de discussões em torno do impacto que o fato pode causar em outros países. Em entrevista ao Portal 7Segundos, o professor universitário e cientista político Saulo Oliveira disse que, em 2022, não será uma surpresa caso o fato se repita no Brasil. Para ele, Trump e o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) pertencem ao mesmo campo ideológico, que pode ser até considerado “radical”. “O Trump sempre exerceu uma influência muito grande sobre o Bolsonaro, e o presidente nunca negou isso. Pelo contrário, sempre foi motivo de orgulho exibir a proximidade e a admiração que ele tem pelo presidente americano. No campo ideológico, os dois pertencem ao mesmo espaço, que é uma ala ideologicamente de direita, mais acentuada, para não usar o termo radical”, explicou. Saulo Oliveira destaca que o posicionamento dos dois presidentes nos últimos anos é semelhante, e citou como exemplo o caso envolvendo a vitória de Evo Morales, na Bolívia. “Se identificam e fazem questão de se expressar dessa forma. Então, esse campo ideológico tem feito atuações muito contundentes nos últimos anos. Na Bolívia foi semelhante, quando eles não reconheceram o resultado do Evo Morales. Em que pese ter toda uma particularidade lá, mas foi o mesmo grupo”, constatou. O cientista político chamou atenção para o fato de o presidente Jair Bolsonaro sempre criticar o sistema eleitoral brasileiro, dando indícios de que numa eventual derrota irá culpar o resultado das urnas. “Ele sempre vem colocando em dúvida a legitimidade do sistema eleitoral brasileiro, principalmente, da urna eletrônica. Em que pese ele nunca ter apresentado provas do que fala, mas ele sempre coloca em dúvida o resultado das eleições pela urna eletrônica. Não seria de se admirar numa eventual derrota dele em 2022 se ele questionasse o resultado”, enfatizou. Saulo Oliveira também destacou que, até 2022, Bolsonaro pode não ter tanto prestígio ao ponto de provocar uma grande reação de seus seguidores. Ele afirmou, por fim, que a invasão ao Capitólio foi um ataque direto à Democracia, violando os princípios da Lei e da Ordem. “Não sei qual seria o tamanho da força política dele para levar adiante esse questionamento, essa briga. Agora, no geral, é um prejuízo absurdo para democracia. O rito democrático, a simbologia da democracia, que é o voto, a consulta das instituições que validam o resultado, isso tudo é o que garante que o tecido político seja mantido íntegro até para que garanta a disputa em questão e a próxima disputa. Então, quando há esse processo de ruptura, de questionamentos sem base sólida de prova que garanta isso, é um prejuízo muito grande”, concluiu.

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